Namoro no trabalho causa 1 em cada 10 demissões

Namoro no trabalho não é proibido, mas pode gerar demissão por justa causa. Entenda os riscos, o que diz a lei e como o RH deve agir com ética.
Homem e mulher sorrindo e conversando em um ambiente de coworking, ambos usando roupas laranja, demonstrando comunicação e conexão, pensando em Namoro no trabalho.

Relacionamentos amorosos surgem naturalmente em ambientes onde as pessoas convivem por longos períodos, como o trabalho. Mas, quando se trata de namoro no trabalho, ainda existem muitas dúvidas, especialmente sobre o que é permitido, o que pode gerar demissão e como o RH deve agir.

A boa notícia é que, no Brasil, não há nenhuma lei que proíba o relacionamento entre colegas de trabalho. A Constituição protege a vida privada e a intimidade dos indivíduos. Porém, nem tudo é permitido: dependendo do comportamento, o namoro no trabalho pode causar conflitos, processos ou até mesmo demissão por justa causa.

O que a lei diz sobre namoro no trabalho?

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não proíbe o namoro no trabalho. Contudo, o artigo 482 prevê hipóteses de demissão por justa causa em caso de falta grave, como mau procedimento, desídia, abuso de poder ou indisciplina.

Na prática, isso significa que manifestações excessivas de afeto, quebra de confidencialidade ou favorecimento entre casais podem comprometer a conduta profissional e justificar medidas disciplinares. O problema não é o relacionamento em si, mas o que ele pode provocar no ambiente corporativo.

Relacionamento no trabalho: quais os riscos para a empresa?

Ainda que o namoro no trabalho seja comum, os riscos aumentam quando não há políticas internas claras. Entre os principais perigos estão:

  • Assédio moral ou sexual, caso haja avanços indesejados ou constrangimentos;
  • Favorecimento entre chefes e subordinados, que pode afetar promoções e avaliações;
  • Compartilhamento indevido de informações confidenciais entre os envolvidos;
  • Queda de produtividade ou conflitos internos, especialmente após o término do relacionamento.

Empresas que não possuem diretrizes sobre o tema estão mais vulneráveis a problemas jurídicos e climáticos.

Como o RH deve agir diante de casais na empresa?

Cabe ao setor de Recursos Humanos estabelecer e comunicar políticas internas claras sobre relacionamentos. Veja o que não pode faltar:

  • Código de conduta atualizado, com orientações específicas sobre o namoro no trabalho;
  • Declaração de conflito de interesses, especialmente em casos de subordinação direta;
  • Confidencialidade e ética, garantindo a privacidade dos envolvidos;
  • Treinamentos sobre condutas adequadas, para líderes e equipes;
  • Procedimentos claros para lidar com términos, prevenindo assédio ou retaliações.

O objetivo não é proibir ou reprimir, mas assegurar um ambiente saudável, respeitoso e produtivo para todos.

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Quando o namoro no trabalho pode gerar justa causa?

A justa causa só se aplica em situações de falta grave. Veja alguns exemplos:

  • Conduta imprópria no ambiente corporativo, como beijos, carícias ou discussões públicas;
  • Desempenho prejudicado por causa do relacionamento;
  • Favorecimento indevido, que afeta a meritocracia e a moral da equipe;
  • Repressão, chantagem ou perseguição após o fim do namoro.

Um caso recente no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RS) envolveu a demissão por justa causa de um gestor que, após o término de um relacionamento com uma subordinada, tentou forçar sua demissão. O comportamento foi enquadrado como abuso de poder.

O que a empresa não pode fazer em relação ao namoro no trabalho?

Apesar da necessidade de controle, o RH deve respeitar os limites legais e éticos. Isso significa que a empresa não pode:

  • Proibir genericamente todos os tipos de relacionamento;
  • Forçar a declaração de namoro ou expor os envolvidos;
  • Demitir por justa causa apenas por conta do relacionamento, sem evidência de falta grave;
  • Tratar casais com discriminação ou desigualdade.

Todas as ações devem ter base jurídica, ser proporcionais e estar alinhadas à política interna.

Benefícios de uma abordagem preventiva do RH

Adotar uma postura proativa em relação ao namoro no trabalho traz muitas vantagens para o clima e a cultura organizacional:

  • Redução de conflitos e mal-entendidos;
  • Preservação da ética e da imparcialidade nas decisões;
  • Prevenção de riscos jurídicos e trabalhistas;
  • Fortalecimento da confiança e do profissionalismo no ambiente corporativo.

Mais do que controlar, o papel do RH é educar, orientar e proteger a integridade das relações interpessoais dentro da empresa.

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Eduarda Soares

Bacharelanda em Comunicação Social - Audiovisual na UFRN. Atuo nas áreas de Marketing Digital, Cinema e redação focada em SEO.
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