
Mais da metade dos trabalhadores brasileiros chega ao fim do expediente mentalmente exausta, e não é só por causa do trânsito ou da rotina intensa. Um novo estudo revela que 77% dos profissionais fazem hora extra com frequência, impulsionados principalmente por prazos apertados, excesso de tarefas e interrupções constantes ao longo do dia.
A pesquisa, conduzida pela Conquer Business School, traz um retrato preocupante sobre a forma como o tempo está sendo administrado nas empresas brasileiras. Mesmo com o avanço das ferramentas digitais, a sobrecarga ainda é regra para muitos, e os efeitos são sentidos na saúde mental e na produtividade.
Hora extra virou rotina: como os brasileiros se sentem
A hora extra faz parte do cotidiano de 77% dos entrevistados, mas com motivações distintas. Cerca de 51,4% trabalham além do horário apenas quando necessário, embora preferissem não fazê-lo. Outros 25,2% ultrapassam a jornada frequentemente e afirmam não se incomodar com isso. O restante evita ao máximo prolongar a jornada, mas nem sempre consegue escapar.
Apesar do esforço, os resultados nem sempre acompanham o tempo investido. A produtividade parece comprometida. Mais da metade dos entrevistados relatam sensação de cansaço intenso ao final do expediente, enquanto 10% mencionam ansiedade e 8,2% apontam sintomas de estresse contínuo.
Os grandes vilões da produtividade: redes sociais e prazos irreais
Embora as empresas sejam responsabilizadas pelo volume de trabalho e pelas metas agressivas, a autossabotagem também tem seu papel. Para 36% dos participantes, o uso excessivo de redes sociais durante o expediente se tornou um dos maiores obstáculos à concentração.
Reuniões improdutivas, interrupções frequentes e desorganização interna também foram destacados como fatores que forçam os profissionais a fazerem hora extra. Esses obstáculos dificultam a execução de tarefas simples e fazem com que o trabalho “transborde” para além do horário formal.
Ferramentas digitais são aliadas contra a hora extra
Apesar das dificuldades, a tecnologia tem sido uma aliada para quem busca mais controle da rotina. Segundo o levantamento, 83% dos entrevistados já utilizam ferramentas digitais para organizar o trabalho e reduzir o tempo perdido com desorganização.
Entre as ferramentas mais utilizadas estão:
- Trello: gerenciamento visual de tarefas e projetos.
- ChatGPT: apoio para textos, ideias e automação de demandas.
- Notion: estruturação de agendas, fluxos e anotações personalizadas.
Essas soluções vêm ajudando profissionais a limitar o tempo dedicado à hora extra, promovendo um ambiente mais produtivo e sustentável.

O que os profissionais esperam das empresas
Além das mudanças individuais, o estudo aponta que os colaboradores esperam ações concretas por parte das empresas. As principais sugestões incluem:
- Estabelecimento de prazos realistas (34,2%)
- Redução de reuniões longas ou desnecessárias (26,8%)
- Treinamentos em gestão de tempo e produtividade (25,6%)
- Ambientes mais silenciosos e com menos interrupções (58,4%)
Essas medidas podem ajudar a conter o avanço da hora extra como padrão e reequilibrar a relação dos profissionais com o trabalho. Ao implementar práticas mais organizadas, promover uma cultura de respeito ao tempo dos colaboradores e investir em capacitações, as empresas não apenas reduzem o desgaste da equipe, mas também potencializam a produtividade a longo prazo.
Hora extra: tendência ou alerta?
A normalização da hora extra pode parecer uma resposta inevitável à competitividade do mercado, especialmente em cenários de alta pressão por resultados, inovação contínua e entregas rápidas. No entanto, os dados indicam que essa prática, quando constante, tem um alto custo emocional e organizacional. O excesso de trabalho leva ao esgotamento físico e mental, aumenta os índices de afastamento por questões de saúde e prejudica o engajamento das equipes.
Para RHs e líderes, o desafio está em criar processos mais enxutos, objetivos e humanos, que respeitem o tempo e os limites dos colaboradores. Isso envolve repensar a cultura da urgência constante, reavaliar cargas de trabalho, incentivar pausas regulares e promover políticas claras de equilíbrio entre vida profissional e pessoal. A longo prazo, ambientes que priorizam o bem-estar têm mais chances de formar equipes resilientes, criativas e produtivas.







