A previdência privada empresarial está deixando de ser apenas um benefício complementar e se consolidando como fator decisivo para a escolha de um emprego. Dados recentes mostram que 54% dos trabalhadores brasileiros consideram a oferta desse benefício na hora de aceitar uma vaga, número que sobe para 71% entre aqueles que já possuem um plano.
Com um cenário econômico instável e dúvidas sobre a previdência social, empresas e colaboradores passam a enxergar nesse investimento uma forma de garantir estabilidade financeira no futuro.
A força da previdência privada no mercado de trabalho
O interesse pela previdência privada cresce em ritmo acelerado. Em 2025, 53% das empresas passaram a oferecer o benefício, maior percentual da série histórica registrada pela consultoria Mercer desde 2019. Atualmente, são 2,8 milhões de planos ativos no país, com 2,3 milhões de trabalhadores beneficiados.
No ambiente corporativo, esse recurso deixou de ser restrito a grandes empresas. Pequenas e médias organizações também aderem ao modelo, aproveitando incentivos fiscais e a possibilidade de fortalecer o vínculo com a equipe.
Previdência privada: atrativo e ferramenta de retenção
A previdência privada não é apenas uma forma de complementar a aposentadoria do INSS. Para as empresas, trata-se de uma estratégia de retenção e atração de talentos. Profissionais que contam com esse benefício tendem a permanecer mais tempo na companhia, especialmente quando há contrapartida financeira da organização.
O modelo pode ser oferecido de duas formas:
- Plano averbado – A empresa gerencia o repasse das contribuições feitas pelos colaboradores à seguradora.
- Plano instituído – A companhia também contribui mensalmente, dividindo a formação da reserva de aposentadoria com o funcionário.
No segundo caso, muitas empresas adotam o vesting, mecanismo que define tempo mínimo de permanência para que o colaborador tenha direito à parte aportada pela empresa, incentivando a fidelização.
Benefícios para empresas e colaboradores
Além de reforçar o pacote de benefícios, a previdência privada oferece vantagens fiscais:
No modelo PGBL empresarial, as contribuições realizadas pela empresa podem ser deduzidas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) como despesa operacional, respeitando o limite de 20% da folha de pagamento dos empregados e dirigentes participantes, desde que o benefício seja oferecido a todos os colaboradores.
Já para o funcionário, as contribuições próprias ao plano podem ser deduzidas da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), no modelo completo de declaração, até o limite de 12% da renda bruta anual tributável.
Esses fatores tornam a previdência privada atrativa mesmo diante da concorrência de benefícios mais tradicionais, como assistência médica e seguro de vida.
Crescimento impulsionado por mudanças culturais
O aumento da oferta de planos também está ligado à mudança no perfil da força de trabalho. Com expectativa de vida mais alta e reformas na previdência social, cresce a percepção de que será necessário contar com uma fonte extra de renda na aposentadoria.
Além disso, a pandemia reforçou a importância de programas de bem-estar financeiro. Empresas passaram a investir mais em soluções que ajudem a reduzir o estresse financeiro dos colaboradores, já que esse fator impacta diretamente a produtividade.
Previdência privada como diferencial competitivo
Em setores com alta disputa por profissionais qualificados, oferecer previdência privada pode ser o elemento que define a escolha do candidato por uma vaga. O benefício sinaliza preocupação com o futuro da equipe e fortalece a imagem da empresa como empregadora de destaque.
Outro ponto relevante é a flexibilidade. Algumas organizações já adotam adesão automática ao plano, enquanto outras o utilizam como bônus atrelado ao cumprimento de metas, agregando valor ao pacote de remuneração variável.
Hora de repensar seu pacote de benefícios
A previdência privada deixou de ser apenas uma vantagem opcional e se tornou parte da estratégia de gestão de pessoas. Além de oferecer segurança financeira, ela contribui para reduzir a rotatividade, atrair talentos e melhorar o engajamento. Em um mercado cada vez mais competitivo, empresas que investem nesse benefício saem na frente.
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