
O modelo remoto, amplamente adotado após a pandemia, parece ter consolidado sua posição no mercado de trabalho. No entanto, dados do novo levantamento global da Gallup revelam um cenário contraditório: colaboradores que atuam exclusivamente de forma remota estão entre os mais engajados nas suas funções, mas também entre os menos satisfeitos com suas vidas.
Esse fenômeno, conhecido como Paradoxo do trabalho remoto, já preocupa líderes de RH e coloca em debate a sustentabilidade emocional do trabalho fora do escritório.
O que é o paradoxo do trabalho remoto?
O paradoxo do trabalho remoto descreve uma contradição crescente nas relações de trabalho: colaboradores totalmente remotos estão entre os mais engajados profissionalmente, mas, ao mesmo tempo, figuram entre os menos satisfeitos com suas vidas em geral. Essa disparidade entre engajamento e bem-estar é um desafio estratégico para líderes de RH e empresas que adotam o modelo remoto como padrão.
Para entender melhor esse paradoxo e seus impactos, confira a seguir 7 dados essenciais que todo líder de RH precisa conhecer sobre o trabalho remoto e seus desafios.
1. Engajamento mais alto entre trabalhadores remotos
Segundo um estudo global da Gallup, 31% dos trabalhadores totalmente remotos se declaram engajados em suas atividades, número superior ao dos híbridos (23%) e aos que trabalham presencialmente (19%). O engajamento está ligado à motivação, entusiasmo e ao vínculo do colaborador com a empresa, o que pode explicar por que muitos gestores ainda consideram o home office um sucesso.
2. Bem-estar em queda
Apesar do alto engajamento, apenas 36% dos trabalhadores 100% remotos afirmam estar “vivendo bem”. Para efeito de comparação, o índice é de 42% entre trabalhadores híbridos e 42% entre os que atuam presencialmente, mas com potencial de exercer a função a distância. O paradoxo do trabalho remoto revela, portanto, que o trabalho a partir de casa pode trazer custos emocionais invisíveis.
3. Emoções negativas aumentam
Trabalhadores remotos também são os que mais relatam emoções negativas como estresse, tristeza e solidão. Esses fatores afetam diretamente a saúde mental e podem levar a quadros de esgotamento emocional, mesmo em colaboradores que demonstram alto desempenho.
4. Distância física pode virar isolamento emocional
Um dos aspectos críticos do paradoxo do trabalho remoto é a perda de interações sociais cotidianas. A ausência de almoços com colegas, conversas informais e momentos espontâneos de troca pode tornar o trabalho remoto mais solitário. A redução desses vínculos pode afetar a sensação de pertencimento e aumentar a vulnerabilidade emocional.
5. Autonomia em excesso vira pressão
Se por um lado o trabalho remoto oferece autonomia, por outro, ele exige autogestão constante. Definir horários, priorizar tarefas e manter a produtividade sem supervisão direta pode ser mais desgastante do que parece. A falta de estrutura e de fronteiras claras entre vida pessoal e profissional intensifica o desgaste.

6. Frustração tecnológica e barreiras de comunicação
Outro ponto que contribui para o paradoxo do trabalho remoto é a dependência da tecnologia. Problemas de conexão, ferramentas despadronizadas e ruídos na comunicação digital dificultam a fluidez do trabalho colaborativo, afetando tanto a produtividade quanto a experiência do colaborador.
7. Risco de perda de talentos
O descompasso entre engajamento e bem-estar tem impacto direto na retenção de talentos. Globalmente, 57% dos trabalhadores remotos estão abertos a novas oportunidades. Entre os que estão engajados e se sentem bem, esse número cai para 38%. Isso mostra que investir no bem-estar emocional é estratégico para reduzir o turnover e fortalecer o vínculo com a equipe.
Como o RH pode responder ao paradoxo do trabalho remoto
Reconhecer o paradoxo do trabalho remoto é o primeiro passo para solucioná-lo. Para isso, os RHs devem:
- Promover rituais de socialização entre times remotos;
- Estimular pausas, desconexão e respeito aos horários;
- Oferecer apoio emocional e psicológico constante;
- Avaliar rotinas de trabalho e distribuir demandas de forma mais equilibrada;
- Investir em tecnologias colaborativas funcionais e acessíveis.
Engajamento sustentável exige equilíbrio
O desafio não é escolher entre engajamento ou bem-estar, é encontrar estratégias para promover ambos de forma sustentável. O paradoxo do trabalho remoto não é um obstáculo intransponível, mas sim um convite à reflexão e inovação na gestão de pessoas.
Compartilhe com sua equipe e fortaleça o compromisso com uma gestão de pessoas mais humana, engajada e focada no bem-estar no trabalho remoto!







