Acesso desigual à IA no trabalho: 10 dados que revelam a exclusão

A inteligência artificial no trabalho avança, mas o acesso desigual à tecnologia e ao treinamento reforça desigualdades de gênero, renda e oportunidade.
Mulher com expressão de estresse pensando no acesso desigual à IA e frustração, segurando a cabeça ao trabalhar em computadores em uma sala de escritório, representando ansiedade ou sobrecarga de trabalho.

A inteligência artificial está transformando o mundo do trabalho. Mas enquanto as empresas projetam aumentos de produtividade e eficiência, muitos profissionais ainda enfrentam obstáculos para acessar, usar e se beneficiar dessas ferramentas. Um dos principais desafios é o acesso desigual à tecnologia, ao treinamento e às oportunidades que a IA pode oferecer.

Este desequilíbrio tem implicações sérias para a equidade no ambiente corporativo, ampliando desigualdades já existentes entre homens e mulheres, entre faixas de renda e até entre regiões.

Expectativas altas, confiança baixa e acesso desigual

A maioria dos trabalhadores espera que a IA melhore tarefas operacionais, como buscar informações, redigir e-mails ou organizar rotinas. No entanto, poucos confiam na capacidade da IA de tomar decisões complexas ou resolver conflitos. Essa ambivalência é agravada pelo acesso desigual à tecnologia, que limita o uso estratégico da ferramenta por parte de profissionais menos privilegiados.

O impacto do acesso desigual da IA por renda

De acordo com a pesquisa da The Shift, dados globais mostram que os trabalhadores de maior renda são os que mais acessam e se beneficiam da IA:

  • 78% dos profissionais com salários acima de US$ 134 mil receberam ferramentas de IA no último ano.
  • Apenas 49% dos que ganham até US$ 40 mil tiveram acesso semelhante.
  • Treinamentos acima de 20 horas foram oferecidos a 27% dos profissionais mais ricos, contra apenas 11% dos de menor renda.

Esse acesso desigual gera uma diferença direta na produtividade: enquanto alguns economizam 11 horas semanais com IA, outros ganham menos de uma hora.

Acesso desigual à IA é também uma questão de gênero

A lacuna de gênero é visível em todos os níveis. Mulheres têm menos acesso a treinamentos, certificações e ferramentas de IA, mesmo quando ocupam os mesmos cargos que homens. Essa discrepância começa desde os estágios iniciais da carreira e se mantém em cargos de liderança.

  • 57% dos homens receberam mais de 5 horas de treinamento em IA no último ano; apenas 45% das mulheres receberam o mesmo.
  • Em cargos de estágio, o acesso desigual é ainda mais gritante: 47% dos homens receberam algum tipo de treinamento, contra apenas 23% das mulheres.

Essa desigualdade no acesso à capacitação reforça a necessidade urgente de políticas que promovam a inclusão e equidade de gênero na era da inteligência artificial.

O ciclo da exclusão tecnológica

Esse acesso desigual não afeta apenas o conhecimento, mas também a capacidade de justificar o uso da IA. Profissionais que se sentem menos preparados têm dificuldade em demonstrar o retorno do investimento da tecnologia, o que reduz suas chances de receber mais recursos, criando um ciclo vicioso de exclusão.

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Cultura organizacional ainda é barreira

Muitos profissionais, principalmente jovens e iniciantes, têm medo de usar IA no trabalho ou pedir mais treinamento. O receio de serem vistos como incompetentes ou inseguros impede a busca por qualificação. Isso contribui ainda mais para o acesso desigual e cria um ambiente onde apenas alguns evoluem com a tecnologia.

Essa cultura de medo é reforçada por ambientes hierárquicos e pouco colaborativos, onde o erro não é visto como parte do processo de aprendizado. Nessas organizações, a inovação tende a ficar restrita a poucos departamentos, gerando um fosso entre áreas e equipes com diferentes níveis de maturidade digital.

O cenário brasileiro e o desafio do acesso

No Brasil, o uso da IA está concentrado em setores urbanos e formais, beneficiando profissionais com maior escolaridade. A falta de infraestrutura básica, como computador e internet, limita o alcance da tecnologia. Esse cenário torna o acesso desigual um obstáculo real ao desenvolvimento socioeconômico.

Em regiões rurais ou periféricas, a exclusão digital ainda é um entrave para a adoção da IA. Mesmo entre trabalhadores empregados formalmente, muitas vezes falta suporte técnico, conectividade e políticas internas que incentivem o uso das tecnologias. Isso evidencia que a transformação digital no país não é apenas tecnológica, mas estrutural.

Novas profissões surgem, mas o acesso segue desigual

Enquanto alguns empregos podem ser automatizados, novas funções estão surgindo com a expansão da IA: engenheiros de prompt, auditores de algoritmos, curadores de dados e educadores em IA, por exemplo. Mas apenas profissionais com acesso à formação e capacitação poderão disputar essas vagas. 

Se essa realidade não for enfrentada, o mercado corre o risco de ampliar ainda mais as desigualdades, criando uma elite tecnológica e um contingente de trabalhadores excluídos da nova economia digital. O acesso desigual não é apenas uma barreira técnica, é uma barreira de justiça social e inclusão no futuro do trabalho.

Compartilhe com sua equipe e promova treinamentos, incentive a qualificação e prepare sua equipe para um futuro mais tecnológico, ético e inclusivo!

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Eduarda Soares

Bacharelanda em Comunicação Social - Audiovisual na UFRN. Atuo nas áreas de Marketing Digital, Cinema e redação focada em SEO.
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