O aumento da lacuna de habilidades é hoje uma das maiores barreiras ao crescimento organizacional. O relatório “2025 Global Skills Intelligence Survey, aponta que apenas 10% dos líderes de Recursos Humanos confiam que suas equipes possuem as competências necessárias para atender aos desafios estratégicos dos próximos 12 a 24 meses.
O dado revela um cenário de alerta para o RH: existe um descompasso entre ambição empresarial e capacidade real de execução.
Desafios que travam a expansão
As lacunas de habilidades já impactam inovação, entrada em novos mercados e competitividade. Segundo a pesquisa, 28% das lideranças afirmam que esses gargalos restringem a expansão, enquanto 37% temem perder talentos para concorrentes que investem mais em desenvolvimento. O problema é ainda mais crítico na contratação: quase um terço relata que entre 41% e 60% das novas admissões chegam com falhas significativas de capacitação.
A ausência de diagnósticos confiáveis piora a situação. Apenas 18% das empresas medem regularmente o nível de habilidades ao longo da jornada dos colaboradores. Isso leva a erros de alocação, perda de produtividade e aumento da pressão sobre gestores, que enfrentam os desafios de liderar equipes sem clareza real sobre suas competências.
Inteligência Artificial: entre desafios e soluções
A Inteligência Artificial surge como um fator duplo: ao mesmo tempo em que representa um desafio para o RH, pode ser também um catalisador de mudança. Quase metade das lideranças gostaria de ver a IA integrada a ferramentas de avaliação de competências, tornando o mapeamento mais preciso e estratégico.
Entretanto, os obstáculos ainda são grandes: 41% citam resistência à mudança como barreira para adoção da IA, enquanto 28% destacam a falta de conhecimento técnico. Isso mostra que, para que a tecnologia realmente auxilie no enfrentamento dos desafios, é necessário um plano sólido que envolva cultura organizacional, metas claras e dados de qualidade.
Programas de desenvolvimento desconectados
Outro ponto crítico revelado é o desalinhamento entre programas de desenvolvimento e estratégia de negócio. Embora 85% das empresas possuam iniciativas de capacitação, apenas 20% acreditam que elas estejam de fato conectadas aos objetivos da companhia. Ainda mais preocupante: somente 6% classificam seus sistemas de aprendizagem como excelentes.
Os principais entraves são a baixa adesão dos colaboradores (42%) e a falta de tempo para treinamentos (41%). Na prática, isso significa que mesmo empresas que investem em capacitação não conseguem transformar esses esforços em resultados tangíveis, perpetuando os desafios de produtividade e inovação.
O caminho para enfrentar os desafios
O relatório indica que o futuro do desenvolvimento de talentos passa pela personalização. Em vez de oferecer cursos genéricos e lineares, as organizações precisam adotar trilhas de aprendizagem flexíveis, conectadas à rotina dos colaboradores e ao direcionamento estratégico da empresa. Nesse cenário, a IA pode acelerar a criação de conteúdos sob demanda, reduzir custos e tornar o aprendizado mais relevante.
Habilidades como pensamento crítico, análise de dados, visão de produto e de negócio devem ganhar protagonismo. Além disso, a descentralização do aprendizado, com maior autonomia das equipes para escolher o que estudar, já é vista como tendência em organizações mais avançadas.
As companhias que souberem alinhar inteligência de habilidades à estratégia corporativa estarão mais preparadas para superar os desafios. Já aquelas que demorarem a agir correm o risco de ficar atrás, perdendo competitividade e talentos valiosos.
O futuro da qualificação começa agora
Os números deixam claro: os desafios de qualificação já não são um problema futuro, mas uma realidade que afeta diretamente a receita e a expansão das empresas. Para o RH, a missão agora é garantir diagnósticos mais precisos, alinhar programas de desenvolvimento ao negócio e explorar a IA como parceira estratégica.
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