
Dia de trabalho infinito é uma realidade para muitos trabalhadores. O expediente tradicional das 9h às 18h perdeu o sentido para milhares de profissionais que agora convivem com uma rotina marcada por mensagens fora de hora, reuniões noturnas e a constante sensação de que o trabalho nunca acaba.
Um novo relatório da Microsoft revela como esse cenário tem afetado a produtividade e o bem-estar de trabalhadores no mundo todo, dando nome ao fenômeno: dia de trabalho infinito.
Como a rotina dos profissionais se tornou caótica e o que o RH pode fazer
Antes mesmo de sair da cama, milhares de profissionais já estão verificando e-mails e mensagens de trabalho. Segundo dados do novo Work Trend Index 2025 da Microsoft, 40% dos usuários do Microsoft 365 ativos às 6h da manhã estão respondendo mensagens em busca de organização. O que deveria ser um começo tranquilo transforma-se em mais um dia de trabalho infinito.
O conceito de expediente tradicional está se desfazendo rapidamente. A jornada que começava com hora para iniciar e terminar agora se estende por manhãs, noites e até fins de semana, invadindo todos os momentos de pausa. Para as equipes de RH, o desafio não é apenas lidar com a sobrecarga, mas encontrar formas de preservar a saúde dos colaboradores em um cenário onde o trabalho nunca parece terminar.
A nova rotina: mais mensagens, menos foco
O relatório mostra que, em média, cada profissional recebe 117 e-mails por dia, a maioria lida em menos de um minuto. E o e-mail não é o único vilão: a partir das 8h, o Teams ultrapassa a caixa de entrada como principal canal de comunicação. A média de mensagens por usuário chega a 153 por dia, com aumento de 6% globalmente.
Essas mensagens e notificações, quando somadas, criam um ritmo caótico. O profissional médio é interrompido a cada dois minutos, totalizando 275 interrupções diárias durante um expediente de oito horas. É uma rotina que se repete todos os dias e se transforma no que especialistas já chamam de dia de trabalho infinito.
O impacto do dia de trabalho infinito na produtividade
O período entre 9h e 11h e entre 13h e 15h, que deveria ser o mais produtivo do dia, é ocupado por reuniões. Cerca de 50% dos encontros são realizados nesses horários, segundo a Microsoft. Justamente nesses momentos, os profissionais atingem picos naturais de produtividade, mas acabam presos em chamadas e apresentações.
Além disso, 57% das reuniões ocorrem sem convite formal e 10% são agendadas de última hora, o que contribui para a desorganização. As reuniões com mais de 65 participantes são as que mais crescem, reflexo da complexidade das empresas modernas e da necessidade de alinhar grandes equipes.
Enquanto isso, o trabalho que exige foco profundo é constantemente adiado. O dia de trabalho infinito não é apenas mais longo, ele é mais fragmentado, dificultando a concentração e a entrega de tarefas de maior valor.

O expediente não termina mais às 18h
A sobrecarga contínua à noite. Reuniões após as 20h aumentaram 16% em relação ao ano passado. E não são poucos os que voltam ao e-mail após o jantar: quase 30% dos profissionais checam suas caixas de entrada por volta das 22h.
No fim de semana, o padrão se repete. Um em cada cinco trabalhadores verifica seus e-mails antes do meio-dia aos sábados e domingos. E 5% já estão novamente online no domingo à noite. Isso comprova que o dia de trabalho infinito não conhece fronteiras, nem de horário, nem de descanso.
O uso de aplicativos como Word, Excel e PowerPoint também aumenta nos finais de semana, indicando que muitos aproveitam o “silêncio” dos dias de folga para finalmente conseguir se concentrar em tarefas que exigem mais dedicação.
Como o RH pode quebrar o ciclo do dia de trabalho infinito
Diante desse cenário, o papel do RH torna-se mais crucial do que nunca. Um terço dos trabalhadores afirma que o ritmo de trabalho dos últimos cinco anos tornou impossível acompanhar as demandas. O dia de trabalho infinito se instalou como uma nova normalidade e isso exige ação.
Adotar inteligência artificial para automatizar tarefas repetitivas pode aliviar parte da carga. Mas é preciso mais do que ferramentas: é necessário repensar o modelo de trabalho, valorizar o tempo de foco e reconstruir os limites entre vida pessoal e profissional.
Para os líderes de RH, essa é uma oportunidade de redefinir a cultura organizacional com base em equilíbrio, bem-estar e produtividade real. Afinal, o futuro do trabalho não será medido em horas trabalhadas, mas em impacto gerado.