
A desigualdade salarial de gênero continua sendo uma realidade no Brasil e um desafio rumo a equidade salarial. De acordo com o 3º Relatório de Transparência Salarial, divulgado em abril de 2025 pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo Ministério das Mulheres, as mulheres ganham, em média, 20,9% a menos do que os homens exercendo funções equivalentes.
A pesquisa, obrigatória para empresas com mais de 100 colaboradores, jogou luz sobre um problema estrutural que persiste mesmo com os avanços em diversidade e inclusão no ambiente corporativo.
Além de ser um tema de justiça social, a equidade salarial entre gêneros também está diretamente ligada à reputação e ao desempenho das empresas, especialmente em um cenário em que ESG (comprometimento de uma empresa com práticas sustentáveis, éticas e responsáveis) se torna critério de avaliação para investidores e consumidores.
O que a pesquisa revela?
O relatório, exigido pela Lei nº 14.611/2023, traz dados detalhados de 53 mil empresas brasileiras. Entre os principais achados:
- As mulheres representam 40,7% da força de trabalho, mas ocupam apenas 9,4% dos cargos de dirigentes e gerentes.
- Mesmo com o mesmo nível de escolaridade e experiência, as remunerações ainda são significativamente inferiores às dos homens.
- A diferença salarial média é de R$ 1.537,00 mensais.
- Nos cargos de diretoria, a disparidade é ainda maior, chegando a 32% em algumas regiões.
Um reflexo da desigualdade estrutural
Os dados apontam que a disparidade não ocorre apenas por diferenças nos cargos ocupados, mas também por fatores como viés inconsciente nas promoções, menor oferta de oportunidades para mulheres com filhos, menor oferta para mulheres negras e desvalorização de áreas mais femininas, como RH, pedagogia e enfermagem.
Como as empresas devem reagir para equidade salarial?
Com o relatório agora disponível publicamente no site do governo federal, a transparência se torna um instrumento de pressão social e empresarial. Além disso, a lei obriga empresas a elaborarem planos de ação para corrigir as desigualdades salariais, caso os dados demonstrem disparidades sem justificativas técnicas.
Para os profissionais de RH, isso significa:
- Revisar políticas internas de remuneração e promoção;
- Ampliar treinamentos de liderança com foco em diversidade;
- Garantir processos seletivos mais inclusivos e imparciais;
- Monitorar constantemente os indicadores de equidade dentro da organização.
Empresas que não tomarem providências podem enfrentar sanções administrativas e danos reputacionais significativos.
Oportunidade para o RH estratégico
Para os times de Recursos Humanos, o relatório não deve ser visto como um problema, mas como uma oportunidade. Organizações que se posicionam como comprometidas com a equidade de gênero têm mais facilidade em atrair talentos, especialmente das novas gerações, que buscam empresas com propósito.
Além disso, estudos mostram que empresas diversas tendem a ter melhor performance financeira. Um levantamento da McKinsey, empresa de consultoria empresarial americana, aponta que companhias com maior equidade de gênero têm 25% mais chances de obter lucratividade acima da média.
O papel da liderança
A equidade salarial também depende de um compromisso real da alta liderança. CEOs e gestores precisam ir além dos discursos e garantir que os sistemas de avaliação e progressão de carreira sejam justos e transparentes. O RH pode e deve ser o protagonista nesse processo, oferecendo diagnósticos, estratégias e acompanhamentos eficazes.
Hora de agir
O 3º Relatório de Transparência Salarial é um marco importante no combate à desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Ele escancara números que há muito tempo são sentidos na prática por milhares de mulheres brasileiras. Para as empresas, é o momento de agir, revisar políticas e colocar a equidade como prioridade real não apenas no papel, mas na cultura corporativa.
Seu time de RH pode ser o motor da mudança pela equidade salarial. Comece agora revisando suas políticas, promovendo transparência e construindo um ambiente mais justo para todos.
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