
Com a proposta de melhorar a qualidade de vida dos colaboradores sem perder eficiência, a escala 4×3 começa a ganhar terreno no Brasil. Após o sucesso de testes realizados por diversas empresas em 2024, a jornada de quatro dias de trabalho por semana mostra resultados promissores. Mais produtividade, menos exaustão e melhor saúde mental estão entre os principais benefícios relatados. Mas será que estamos prontos para abandonar de vez o modelo 6×1?
O que é a escala 4×3?
A escala 4×3 consiste em quatro dias de trabalho seguidos por três dias de descanso. Isso representa uma mudança significativa no modelo tradicional 6×1, ainda amplamente adotado no país. Segundo uma pesquisa recente, 90,3% das empresas brasileiras mantêm a semana de cinco ou seis dias úteis, enquanto apenas 9,7% já testaram ou adotaram a jornada reduzida.
Apesar do percentual ainda modesto, a escala 4×3 está em evidência, especialmente após o sucesso de um projeto-piloto conduzido pela 4 Day Week Brazil em parceria com a FGV e outras instituições. O estudo reuniu 19 empresas e 290 colaboradores que testaram o novo formato durante seis meses em 2024.
Resultados positivos aceleram a adoção da escala 4×3
Os dados são claros: a escala 4×3 trouxe impactos significativos para os negócios e o bem-estar dos funcionários. Entre os principais resultados:
- 71,5% relataram aumento da produtividade
- 72,8% reduziram sintomas de exaustão
- 60,3% perceberam maior engajamento
- 49,6% relataram menos insônia
- 30,5% sentiram menos ansiedade semanal
- 77,3% avaliaram positivamente a saúde mental
Esses números mostram que trabalhar menos pode significar produzir mais, desde que haja organização, liderança eficaz e foco em resultados.
Desafio ou oportunidade?
Implementar a escala 4×3 não é tarefa simples. Exige mudanças estruturais, revisão de processos, adaptação tecnológica e comprometimento da liderança. As empresas que mais se destacaram no projeto-piloto foram justamente aquelas com equipes preparadas para repensar a forma de trabalhar.
Na empresa de tecnologia Vockan, que adota a escala 4×3 há dois anos, os resultados vão além da produtividade: houve crescimento de 86% na operação e praticamente zerou a rotatividade de funcionários. Já a empresa Alimentare, do setor de alimentação, relatou aumento de 15% no faturamento após adotar o novo modelo no setor administrativo.
Esses casos reforçam que a escala 4×3 pode ser viável mesmo em segmentos mais tradicionais, desde que implementada com estratégia.

Por que a escala 4×3 atrai novas gerações?
O desejo por equilíbrio entre vida profissional e pessoal é crescente, especialmente entre os jovens talentos. A escala 4×3 atende exatamente a essa demanda: mais tempo livre, menos sobrecarga e maior satisfação no trabalho.
O modelo também está alinhado às tendências globais. Países como Reino Unido, Espanha e Bélgica já avançam na regulamentação da semana de quatro dias. No Brasil, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi apresentada em 2024 para oficializar a escala 4×3 e reduzir a carga semanal de 44 para 36 horas, sem redução de salário.
Como implementar a escala 4×3 na sua empresa?
Se sua empresa deseja adotar a escala 4×3, o primeiro passo é o planejamento. Veja algumas recomendações:
- Crie um piloto com equipes pequenas
- Reorganize processos e tarefas por prioridade
- Reduza reuniões e otimize a comunicação
- Invista em ferramentas de automação e produtividade
- Monitore indicadores de desempenho e bem-estar
- Treine líderes para coordenar equipes com foco em resultados
A experiência das empresas participantes mostra que com foco, tecnologia e gestão inteligente é possível garantir produtividade com menos horas de trabalho.
O futuro do trabalho está em transformação
A implementação da escala 4×3 não representa apenas uma nova forma de organizar a semana. É um sinal claro de que o mundo do trabalho está mudando. Mais do que discutir dias ou horas, o debate gira em torno de um novo pacto entre empresas e colaboradores, onde saúde mental, equilíbrio e propósito ganham protagonismo.
A resistência ainda existe, especialmente entre líderes mais tradicionais, mas os dados não mentem: quem aposta no bem-estar colhe resultados concretos.