
Em um cenário em que 84% dos brasileiros com 10 anos ou mais estão conectados à internet diariamente, segundo dados do TIC Domicílios 2023, os transtornos de dependência digital despontam como um novo e silencioso desafio para os setores de Recursos Humanos. O uso excessivo de redes sociais e aplicativos, muitas vezes fora de controle, está impactando diretamente a produtividade, o clima organizacional e até mesmo a saúde mental dos colaboradores.
A era do Scroll Infinito
A presença constante nas telas transformou a rotina de muitos trabalhadores. Scroll infinito, checar notificações a cada cinco minutos, ansiedade por likes e medo de estar “por fora” são sintomas comuns de um cenário de hipervigilância digital.
Embora a tecnologia tenha tornado o trabalho remoto possível e a comunicação mais ágil, ela também trouxe um lado sombrio: a hiperconectividade. Essa prática afeta o foco, aumenta os níveis de estresse e, em casos mais graves, pode causar um tipo de abstinência quando há a tentativa de desconexão.
Quando o uso vira dependência digital
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) ainda não reconhece oficialmente o vício em internet ou redes sociais como uma categoria autônoma, mas já considera o uso problemático da tecnologia como um agravante de outros quadros psicológicos, como ansiedade, depressão e TDAH.
O papel do RH para enfrentar a dependência digital
Com os impactos cada vez mais evidentes, o RH precisa desenvolver estratégias eficazes para lidar com a dependência digital. Algumas ações recomendadas incluem:
- Educação digital: promover palestras, oficinas e rodas de conversa sobre uso consciente da tecnologia;
- Políticas claras de uso de dispositivos: definir normas para reuniões e momentos de trabalho focado;
- Programas de saúde mental: integrar acompanhamento psicológico e atividades que incentivem a desconexão;
- Exemplo da liderança: gestores também precisam limitar o uso de tecnologia em excesso e incentivar pausas offline.
Casos reais e iniciativas inspiradoras
Empresas ao redor do mundo têm adotado estratégias inovadoras para combater a hiperconectividade e promover o bem-estar digital de seus colaboradores. A SAP, por exemplo, implementou o programa Global Mindfulness Practice, que oferece workshops de mindfulness e inteligência emocional. Essa iniciativa resultou em mais de 10.000 funcionários treinados e uma redução significativa nos níveis de estresse e aumento na satisfação no trabalho .
Além disso, a SAP desenvolveu técnicas específicas para o trabalho remoto, como a prática do “ABC” (Consciência e Aceitação), visando aumentar a resiliência durante os períodos de crise . Essas ações demonstram que políticas focadas no uso consciente da tecnologia podem melhorar a produtividade e a saúde mental dos colaboradores.
A solução não está em banir a tecnologia, mas em usá-la com propósito. O futuro do RH está em encontrar o equilíbrio entre produtividade e bem-estar. A era do vício digital já começou, e ignorá-la pode custar caro às organizações.
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