
O CNPJ é uma das informações mais importantes para qualquer negócio que atua no Brasil. Mais do que um simples cadastro, ele é a identidade oficial das pessoas jurídicas e o ponto de partida para toda operação empresarial, desde a emissão de notas fiscais até a contratação de colaboradores.
Para quem trabalha com Recursos Humanos, Departamento Pessoal e gestão administrativa, entender profundamente como o CNPJ funciona é essencial para apoiar processos internos, orientar empreendedores e evitar riscos fiscais e trabalhistas.
Neste artigo, você confere um guia completo, educativo e aprofundado sobre o assunto, com tudo o que realmente importa para a prática corporativa.
Boa leitura!

1 – O que é CNPJ e por que ele é tão importante?
O CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) é o número que identifica oficialmente qualquer pessoa jurídica no Brasil. Ele funciona como o CPF das empresas e é administrado pela Receita Federal, que mantém um banco de dados com informações essenciais sobre cada organização: data de abertura, razão social, nome fantasia, endereço, atividades econômicas (CNAE) e situação cadastral.
Sem um CNPJ, a empresa não existe oficialmente e, portanto, não pode emitir notas fiscais, contratar funcionários formalmente, abrir conta bancária PJ, participar de licitações ou mesmo negociar com fornecedores. Para o RH, isso significa que só é possível formalizar vínculos trabalhistas e entregar obrigações legais quando o CNPJ está ativo e regular.
2 – Leis que regulamentam o CNPJ
O funcionamento, as regras de inscrição, alteração e baixa de um CNPJ são definidos pela Instrução Normativa RFB nº 2.119/2022. Além disso, o cadastro está previsto na Lei nº 9.430/1996, que trata de diversos aspectos da legislação tributária federal.
Essas normas garantem padronização e segurança jurídica, permitindo que órgãos federais, estaduais e municipais tenham controle sobre atividades econômicas.
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3 – CNPJ X CPF: entenda a diferença
A comparação entre CPF e CNPJ é simples, mas extremamente importante para entender como funciona a identificação no Brasil.
O CPF é o documento utilizado para identificar pessoas físicas, ou seja, cada indivíduo, sendo indispensável para diversas atividades do cotidiano, como abrir conta em banco, declarar imposto de renda, fazer compras parceladas ou assumir qualquer responsabilidade civil.
Já o CNPJ é o registro que identifica pessoas jurídicas, representando oficialmente uma empresa, instituição ou organização perante o governo e o mercado.
Enquanto uma pessoa física passa a existir civilmente a partir do registro de nascimento, validado pela emissão da certidão correspondente, a pessoa jurídica só passa a existir legalmente quando seu CNPJ é criado e autorizado pela Receita Federal.
Isso significa que, antes de contratar colaboradores, emitir notas fiscais ou realizar qualquer transação comercial, a empresa precisa ter sua identidade oficial registrada. Por isso, abrir uma empresa é, antes de tudo, garantir sua existência legal, permitindo atuar de forma regular e dentro das exigências fiscais do país.

4 – Como funciona a numeração do CNPJ
O número do CNPJ segue o formato: XX.XXX.XXX/XXXX-XX.
Cada parte tem uma função:
- Os oito primeiros dígitos identificam a empresa;
- Os quatro seguintes indicam matriz ou filial (0001 para a matriz);
- Os dois últimos são dígitos verificadores calculados para evitar fraudes.
Esse padrão permite rastrear estabelecimentos, validar autenticidade e organizar informações fiscais em todo o país.
5 – Tipos de CNPJ: natureza jurídica e porte empresarial
Quando falamos de “tipos de empresa”, falamos de duas classificações diferentes:
1. Natureza jurídica
Define a estrutura legal do negócio e a responsabilidade dos sócios.
Principais tipos:
- Sociedade Simples — para atividades intelectuais, artísticas ou científicas.
- Sociedade Limitada (LTDA ou SLU) — responsabilidade limitada ao capital investido.
- Empresário Individual (EI) — sem sócios, com responsabilidade ilimitada.
- Sociedade Anônima (S/A) — capital dividido em ações, indicada para empresas maiores.
2. Porte empresarial
Determinado pelo faturamento anual:
- MEI: até R$ 81 mil
- ME: até R$ 360 mil
- EPP: até R$ 4,8 milhões
- Demais portes: acima desse valor
Ao abrir um CNPJ, é obrigatório enquadrar o porte conforme previsão de faturamento.
6 – O que é CNPJ MEI e como funciona?
O CNPJ MEI é a versão simplificada do registro empresarial, criada especialmente para o Microempreendedor Individual. Ele surgiu com o objetivo de formalizar pequenos negócios de maneira prática, acessível e com poucos requisitos burocráticos.
Com esse tipo de CNPJ, o empreendedor pode emitir notas fiscais, abrir conta bancária empresarial, ter acesso facilitado a crédito e ainda contar com benefícios da Previdência Social, como aposentadoria por idade, auxílio-doença e salário-maternidade.
Para se enquadrar como MEI, é necessário faturar até R$ 81 mil por ano, atuar em uma das atividades permitidas pela legislação e manter em dia o pagamento mensal do DAS-MEI, que reúne impostos simplificados em uma única guia.
Por ser um processo rápido, pouco burocrático e de baixo custo, o MEI se tornou a forma mais popular de abrir um CNPJ no Brasil, sendo especialmente indicado para quem está começando no empreendedorismo e precisa de um modelo formal fácil para iniciar suas atividades.

7 – Como abrir um CNPJ passo a passo
Abrir um CNPJ envolve etapas que variam conforme o tipo de empresa, mas, em geral, os passos são:
1. Definir a natureza jurídica
Determina documentos, responsabilidade dos sócios e obrigações legais.
2. Registrar na Junta Comercial ou Cartório
É onde o contrato social é validado e onde a empresa passa a existir juridicamente.
3. Solicitar a inscrição no CNPJ
Feito pelo sistema gov.br por meio do Portal Redesim.
4. Emitir licenças e alvarás obrigatórios
Essenciais para operar legalmente, especialmente em áreas reguladas.
Para MEI, o processo é totalmente digital e gratuito no Portal do Empreendedor.
8 – Quanto custa abrir um CNPJ?
A abertura do CNPJ em si é gratuita, porém custos adicionais podem existir:
- Taxa de registro na Junta Comercial
- Taxas municipais e estaduais para alvarás
- Honorários contábeis (opcionais, mas recomendados)
Além disso, o negócio precisa considerar custos operacionais como estrutura, equipamentos e capital de giro.
9 – Obrigações e impostos de quem tem CNPJ
Quem possui CNPJ assume obrigações fiscais, trabalhistas e contábeis. Entre elas:
- Emitir notas fiscais
- Pagar impostos conforme o regime tributário
- Enviar declarações acessórias
- Cumprir obrigações trabalhistas
- Manter registros fiscais e contábeis
Impostos variam conforme o regime:
- MEI: paga DAS-MEI mensal fixo
- Simples Nacional: impostos unificados no DAS
- Lucro Presumido / Lucro Real: exigem apuração mais complexa e controles mais rígidos

10 – Como dar baixa em um CNPJ?
Encerrar um CNPJ exige:
- Solicitar a baixa na Junta Comercial
- Apresentar distrato social
- Entregar declarações finais
- Quitar débitos
- Solicitar baixa na Receita Federal
Para MEI, o processo é simples e 100% online.
Importante: enquanto a empresa não é formalmente baixada, continua obrigada a enviar declarações, mesmo sem faturamento.
11 – Como consultar um CNPJ
A consulta de um CNPJ é completamente gratuita e pode ser feita diretamente no site da Receita Federal. Basta inserir o número do registro para visualizar uma série de informações importantes sobre a empresa.
Entre os dados disponíveis estão a situação cadastral, que indica se o negócio está regular ou enfrenta algum impedimento; a data de abertura, que mostra quando a empresa foi oficialmente criada; e o CNAE, que determina a atividade econômica exercida. Também é possível verificar o endereço registrado, a natureza jurídica e outros detalhes que ajudam a entender melhor o funcionamento e a formalidade do negócio.
Ao realizar a consulta, o usuário pode encontrar diferentes situações cadastrais, como ativa, suspensa, inapta, baixada ou nula. Cada uma delas indica o estado atual da empresa perante a Receita Federal e pode influenciar desde a emissão de notas fiscais até a possibilidade de participar de licitações ou firmar contratos.
Por isso, essa verificação é essencial tanto para empreendedores quanto para quem deseja confirmar a regularidade de um fornecedor ou parceiro comercial.
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12 – As vantagens de possuir um CNPJ
Ter um CNPJ ativo traz inúmeros benefícios:
- Maior credibilidade com clientes e fornecedores
- Possibilidade de emitir notas fiscais
- Menor carga tributária em muitas atividades
- Acesso a programas e benefícios governamentais
- Facilidade para contratar funcionários
- Abertura de conta bancária PJ
- Prioridade em prestação de serviços a grandes empresas
Na prática, empresas só negociam com quem está regular, o que torna o CNPJ fundamental até mesmo para pequenos negócios.

13 – Importância para o RH
Para profissionais de Recursos Humanos, consultar o CNPJ é uma etapa fundamental na validação de empresas envolvidas em processos de contratação, terceirização ou parcerias estratégicas. Essa verificação prévia garante que a organização está ativa e regular perante a Receita Federal, reduzindo riscos trabalhistas, fiscais e contratuais.
Além disso, informações como natureza jurídica, CNAE e endereço permitem confirmar se a atividade econômica da empresa é compatível com o serviço prestado e se ela possui legitimidade para atuar no mercado.
Essa checagem é especialmente importante quando o RH lida com fornecedores de serviços de folha, medicina do trabalho, consultorias ou empresas terceirizadas, pois evita inconsistências, falhas de compliance e potenciais penalidades.
Em resumo, consultar o CNPJ ajuda o RH a tomar decisões mais seguras, fortalecer a governança corporativa e garantir relações profissionais mais confiáveis.
14 – Contratação de Funcionários no Formato PJ: o que o DP/RH precisa saber
A contratação de profissionais no formato PJ tem se expandido em diversas áreas, mas exige atenção cuidadosa do RH e do Departamento Pessoal para evitar riscos trabalhistas. Nesse modelo, a relação deve ser estritamente de prestação de serviços entre empresas, e não uma relação de emprego disfarçada.
Por isso, o profissional PJ não pode estar sujeito a elementos típicos da CLT, como horário fixo, controle de jornada, subordinação direta e dependência exclusiva. Ele deve ter autonomia na execução do trabalho, podendo inclusive atender outros clientes.
É essencial que o DP verifique previamente o CNPJ do prestador, conferindo situação cadastral, natureza jurídica e CNAE, garantindo compatibilidade com a atividade contratada. Além disso, o contrato de prestação de serviços deve ser claro e detalhado, estabelecendo escopo, prazos, entregas e condições de pagamento e rescisão.
O RH também precisa estar atento às responsabilidades que permanecem, como cuidados com saúde e segurança quando o serviço é prestado dentro da empresa. O uso inadequado de PJs para funções contínuas pode caracterizar vínculo empregatício e gerar passivos significativos. Por isso, esse modelo deve ser aplicado com critério, garantindo flexibilidade sem abrir mão da conformidade legal.
Concluindo
Entender profundamente o CNPJ é essencial para qualquer profissional que atua com gestão de pessoas, administração ou empreendedorismo. Ele é o ponto de partida para que uma empresa exista, opere legalmente e construa relações sólidas no mercado.
Para o RH, dominar estes conceitos significa orientar lideranças, apoiar colaboradores que empreendem, validar fornecedores, evitar riscos e garantir conformidade em processos trabalhistas. Em um cenário de constantes mudanças fiscais e regulatórias, esse conhecimento deixa de ser apenas técnico e passa a ser estratégico.
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