
A adoção da licença menstrual como política formal de trabalho vem ganhando força em empresas ao redor do mundo. Em países como Espanha, Japão, Indonésia e Coreia do Sul, a legislação já prevê esse direito. Agora, corporações globais também estão aderindo voluntariamente à medida e os resultados surpreendem, com aumentos na produtividade geral das equipes, além de ganhos significativos em bem-estar e retenção de talentos.
O que é a licença menstrual?
A licença menstrual é um período de afastamento remunerado concedido a pessoas que menstruam durante seus dias de maior desconforto físico e emocional. A duração varia conforme a política de cada empresa ou país, mas geralmente permite de 1 a 3 dias de afastamento por mês. O objetivo é oferecer acolhimento e condições adequadas de trabalho, principalmente para quem sofre com condições como endometriose, dismenorreia (cólica severa) e outras disfunções ginecológicas.
Panorama global: quem já adotou?
- Espanha foi o primeiro país da Europa a aprovar a licença menstrual por lei, em 2023. Mulheres podem se ausentar por até três dias, com possibilidade de prorrogação para cinco mediante atestado médico.
- Japão, desde 1947, garante esse direito, embora haja estigma social que desincentiva seu uso.
- Indonésia e Coreia do Sul também possuem legislações semelhantes, embora a aplicação varie entre as empresas.
- Zâmbia, pouco citada no debate, foi pioneira na África ao implantar a política em 2015.
A adesão, no entanto, não se limita a países com legislação específica. As empresas globais Nike, Zomato, startups como a brasileira B2 Mamy e a empresa de tecnologia Digix têm adotado a licença menstrual como parte de suas estratégias de bem-estar corporativo e ESG.
Brasil: avanço tímido, mas crescente
No Brasil, não há legislação federal que regulamenta a licença menstrual, embora projetos de lei tenham sido apresentados nos últimos anos. A resistência gira em torno de discussões sobre viabilidade econômica e receios de discriminação no mercado de trabalho. Ainda assim, algumas empresas vêm implementando a medida de forma voluntária, apostando na transparência, na escuta ativa e em políticas de gênero mais inclusivas.
O grupo MOL, por exemplo, oferece até dois dias de licença menstrual por mês sem necessidade de atestado, para colaboradoras que enfrentam dores e desconfortos relacionados ao ciclo menstrual. A iniciativa, voltada ao bem-estar no ambiente de trabalho, completou um ano recentemente, sem impactar negativamente a produtividade e contribuindo para um aumento na satisfação das equipes.
Impactos na produtividade: o que dizem os dados?
Estudos de empresas que adotaram a licença mostram que, ao contrário do que muitos gestores temem, a produtividade não caiu, e em alguns casos, subiu. Um levantamento da Coexist, ONG britânica que foi uma das primeiras organizações da Europa a aplicar a licença, registrou um aumento na produtividade geral da equipe após a implementação. Outros benefícios observados incluem:
- Redução de turnover (taxa de rotatividade de colaboradores)
- Queda nas taxas de presenteísmo e absenteísmo
- Maior engajamento em pesquisas internas de clima organizacional
- Fortalecimento da imagem da marca empregadora
Por que a licença menstrual importa para o RH?
Implementar políticas como a licença menstrual não é apenas uma questão de empatia ou justiça social é também uma estratégia de gestão inteligente. Reconhecer as diferenças biológicas entre os corpos e criar espaços de trabalho verdadeiramente inclusivos é uma forma de reter talentos, aumentar o engajamento e fortalecer a cultura organizacional.
Além disso, esse tipo de política dialoga diretamente com pautas ESG (Environmental, Social and Governance), que têm sido cada vez mais valorizadas por investidores, colaboradores e consumidores.
Desafios e recomendações
É claro que a implementação da licença menstrual exige planejamento e comunicação. Algumas recomendações para as empresas que desejam adotar a medida:
- Realizar uma pesquisa interna para entender a demanda e percepção do time
- Desenvolver uma política clara, com critérios transparentes e linguagem inclusiva
- Treinar lideranças para acolher sem julgamento e agir com empatia
- Estimular uma cultura de confiança, onde as colaboradoras se sintam seguras para usar o benefício
Caminhos para um Ambiente de Trabalho mais Humano
A licença menstrual está deixando de ser tabu e ganhando espaço nas agendas corporativas. A tendência é que, com mais dados e exemplos positivos, empresas de todos os portes passem a considerar a política como um diferencial competitivo e humano. Afinal, acolher a diversidade, inclusive a biológica, é o mínimo em qualquer ambiente de trabalho que se pretende saudável.
Sua empresa já considera políticas de inclusão menstrual? Reflita sobre os benefícios para o time e comece hoje mesmo a construir um ambiente de trabalho mais empático, saudável e produtivo.
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